PESQUISA Coletivo de Juventude promove debate sobre o perfil dos jovens trabalhadores em educação


Fotos: Renato Almeida

Nesta quarta-feira (29), dirigentes de sindicatos filiados à CNTE de todo o país reuniram-se em Brasília, no auditório Adelino Cassis, da Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF), para o Coletivo de Juventude da Confederação. Mediado pelos coordenadores Bruno Vital (Sinte-RN) e Luiz Felipe Silva (Apeoesp-SP), o encontro debateu aspectos sobre a organização de jovens trabalhadores nos sindicatos e as perspectivas para atrair mais gente para a luta.

"Neste encontro, buscamos fazer uma aproximação para além da discussão política, permitindo, também, uma troca de afetos e sentimentos, nos permitindo voltar para os nossos estados com muita vontade de fazer a organização da juventude nos sindicatos”, declarou Bruno.

Para Luiz, o Coletivo também servirá como um “espaço válido de articulação e construção, dando frutos para a elaboração de um balanço e um bom planejamento para 2024.”

Durante o primeiro painel do Coletivo foi feita uma análise sobre a atuação dos jovens no mercado de trabalho do país. De acordo com o diretor do Departamento de Políticas para a Juventude do Ministério do Trabalho, João Victor Motta, antes de pensar na sindicalização de jovens, é preciso levar em conta as condições de trabalho que os mesmos estão inseridos.

Segundo ele, atualmente, 70% da população jovem, entre 18 e 24 anos, compõe a força de trabalho do país. Entretanto, as condições de emprego em que estes estão são muito precárias, influenciando no interesse destes em se sindicalizarem.

Além disso, ele destacou que os empregos precários dificultam o posicionamento e participação desses trabalhadores nas lutas das entidades.

“É muito difícil trazer jovens para os sindicatos. Boa parte da juventude que está ocupada não está confortável, e tem uma rotatividade imensa nos empregos. Isso é algo que tem gerado uma dificuldade muito grande de organização”, relatou.

Segundo João, desde 2017, o mercado de trabalho tem vivido um processo expressivo de informalidade nos contratos de trabalho. Dos 42 milhões de trabalhadores ativos, cerca de 22 milhões trocaram a carteira assinada por outro tipo de vínculo empregatício.

Além disso, outras questões que permeiam as políticas de trabalho, como o Piso Nacional das carreiras, apesar de serem conquistas para as categorias, têm gerado dificuldades por não serem efetivadas.

“Um exemplo disso é a contratação de um profissional enfermeiro como auxiliar de enfermagem. Infelizmente, há formas legais dentro desse processo do piso que permite aos empregadores burlar a lei. São questões que vão gerando dificuldades. Vitórias que são conquistadas, mas não são efetivadas", ressaltou.

"Então, um dos principais elementos para a melhoria das condições de trabalho é avançar na melhora da economia”, enfatizou.

Longevidade

Outro ponto de destaque diz respeito ao futuro da carreira, especificamente à aposentadoria dos trabalhadores jovens. Segundo João, diferentemente do ano de 2003, em que quase metade dos brasileiros estavam abaixo dos 29 anos, a população de 2023 está mais velha. E com políticas de reforma da previdência, a juventude se verá obrigada a ingressar cada vez mais cedo no mercado de trabalho, para ter, assim, a possibilidade de um aposento.

“Se o trabalhador não entrar hoje adolescente no mercado de trabalho, ele vai trabalhar por uns 50 anos, no mínimo, para, quem sabe, assim, se aposentar um dia”, disse.

Pesquisa

Durante a tarde, representantes da Escola Nacional Paulo Freire, instituição voltada para o resgate da educação popular no Brasil, apresentaram um retrospecto sobre o método de ensino em países da América Latina, e a sua influência na diminuição da alfabetização.

“Não há como falar em educação popular sem cultivar uma postura de interesse pelo que o outro for dizer”, afirmou Vitor Alcântara, representante da Escola Nacional Paulo Freire.

A partir da exposição, foi dado início ao processo de elaboração de uma pesquisa que busca traçar o perfil do jovem trabalhador da educação e saber o porquê deles não se filiam aos sindicatos.

Em uma atividade coletiva, os dirigentes sindicais foram convidados a compartilhar suas experiências profissionais e o motivo da filiação em organizações. A ideia foi de exercitar que os trabalhadores também escutassem o perfil e as motivações individuais, para o entendimento do processo de uma pesquisa.

De acordo com Lauro Silveira, representante da Escola Nacional Paulo Freire, a pesquisa terá uma metodologia participativa, onde os próprios dirigentes ficarão responsáveis pela coleta dos dados qualitativos e quantitativos dos trabalhadores em educação jovens de cada estado.

“Quando a direção busca fazer a ciência, a sua prática fica mais requintada. Então, serão os dirigentes que irão assumir esse processo na totalidade, buscando fazer indagações, saber como essas questões afetam os sindicatos e transformar os dados em ação”, declarou.

Após estabelecido os objetivos e métodos da pesquisa, a construção das questões continuará no segundo dia de Coletivo, marcado para quinta-feira (30).

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