Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Depois de quatro anos sofrendo com cortes de recursos e ataques às políticas públicas, o povo brasileiro voltará a ter uma educação pública de qualidade, democrática e inclusiva com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. A partir de 2023 um programa justo para a educação será executado e a opinião do povo fará parte da política do país.
Para o professor de artes e secretário de relações internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, as expectativas que a categoria tem com Lula na questão da educação é que seja inspirado em Paulo Freire. Segundo ele, a educação precisa ser inclusiva e democrática.
“A educação precisa ser debatida com todo mundo para que a gente construa um projeto solidário, democrático, na perspectiva de construção de uma educação com qualidade social. É preciso que a escola não seja apenas um espaço de conhecimento, mas que seja de construção de cidadania, que permita ao aluno conhecer o mundo além dos muros da escola. Uma escola que pode ser um espaço de construção de grandes temas que estão no cotidiano dos estudantes”, afirmou Leão.
Ainda não há confirmação de quem será o próximo ministro, mas alguns pontos sobre a educação do programa de governo de Lula começarão a ser executados no próximo ano. Podemos citar a 21ª e 22ª das 121 diretrizes do plano de Lula, no qual ele destaca a educação.
Segundo o documento, o país voltará a investir em educação de qualidade, no direito ao conhecimento e no fortalecimento da educação básica, da creche à pós-graduação, coordenando ações articuladas e sistêmicas entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, retomando as metas do Plano Nacional de Educação e revertendo os desmontes do atual governo.
“O nosso objetivo é resgatar e fortalecer os princípios do projeto democrático de educação, que foi desmontado e aviltado. Para participar da sociedade do conhecimento, é fundamental o resgate de um projeto de educação que dialogue com o projeto de desenvolvimento nacional. Para isso, é preciso fortalecer a educação pública universal, democrática, gratuita, de qualidade, socialmente referenciada, laica e inclusiva, com valorização e reconhecimento público de seus profissionais”, diz trecho da 22ª diretriz do programa de governo de Lula .
Debates Públicos
Em seu discurso de vitória no último domingo (30), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu o compromisso de trazer de volta as conferências nacionais, com discussões sobre vários temas. Essas reuniões são instâncias convocadas pelo poder público para facilitar a participação social no planejamento de políticas públicas.
Leão avalia que a perspectiva com Lula é boa e que ele espera que tenha de volta os grandes debates sobre educação, construções coletivas e democráticas com valorização dos profissionais, financiamento adequado para uma escola de qualidade e que se cumpram as metas do Plano Nacional de Educação.
“Eu acho que é possível avançar porque afinal de contas é um governo cuja história é de compromisso com a escola de qualidade. A educação, mais do que nunca, é o acesso à cidadania, é um direito a ser garantido pelo Estado para que as pessoas possam ter a possibilidade de caminharem com seus próprios pés e nas suas realidades. Defendemos uma educação libertadora e não uma educação adestradora”, destacou o secretário.
Para Andressa Pellanda, coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a expectativa é a de que o governo Lula retome os investimentos nas áreas sociais, inclusive em educação, de forma a enfrentar as crises deixadas pelos últimos anos de desmonte de políticas e de série de cortes da educação básica ao ensino superior e à pesquisa. Segundo ela, esta questão do debate público é fundamental.
“A retomada da gestão democrática das políticas educacionais, com recomposição do Fórum Nacional de Educação e das Conferências de Educação, vai ser crucial para um bom diagnóstico do descumprimento do Plano Nacional de Educação e da construção de um novo, que não retroceda em relação ao atual, mas garanta acesso, qualidade e permanência, com equidade e inclusão", finaliza Andressa Pellanda.