Alunos do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima, parados há mais de um ano por causa da pandemia da Covid-19, estão preocupados com a falta de aulas por parte da Universidade Federal do Acre (UFAC) e querem retomar os estudos.
Estão nesta situação 90 pessoas das duas cidades que esperavam se formar em 2023.
Eles reclamam que a Ufac adotou o ensino remoto emergencial para os cursos extensivos em Rio Branco e Cruzeiro do Sul e cobram a mesma medida para a Parfor.
A aluna Maria Gesilene Antunes lamenta que os alunos do Parfor seguirão de fora de concursos públicos e processos seletivos. “Nós queremos aulas online, híbridas, da forma que for possível para concluir nosso ensino superior”, afirma, lembrando que não buscam confusão com a direção da Ufac ou a coordenação do Parfor.
As indígenas Maria Auxiliadora e Fátima Puyanawa, estudantes do curso de Pedagogia, moram na Aldeia Barão de Mâncio Lima e contam que o uso da tecnologia não seria barreira para elas, que participam de eventos da própria UFAc, de forma online. “Queremos os mesmos direitos dos alunos regulares”, cobra Fátima. Auxiliadora ressalta que se formar “é um grande sonho”.
Maria Helena Couto e Valéria Saraiva destacam que muitos estudantes dos cursos regulares da UFAC são indígenas e outros moram na zona rural, mas seguem os estudos de modo online. “Muitos também têm dificuldades com a distância e a tecnologia, mas seguem os cursos e porque nós do Parfor não podemos?”, indagam.
O professor Marck Clark Assem, coordenador do Parfor na UFAC, explica que o Programa tem 11 turmas em municípios, alguns de difícil acesso, como Jordão, Santa Rosa, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo e que a instituição tentou retomar as aulas no início deste ano com acompanhamento pedagógico, mas parou de novo por falta de segurança sanitária devido à pandemia de Covid-19.
Cita que 40% dos alunos moram em aldeias e seringais e não têm condições de acompanhar aulas remotas por não terem acesso à internet banda larga. “Alguns professores, como os de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima têm acesso à tecnologia, mas outros não têm. No Jordão tem professor que leva 3 dias de barco para chegar até a escola onde trabalha. Então as condições não são iguais. Só vamos voltar quando houver segurança sanitária para os professores e os alunos”, pontua, assegurando que o calendário do Parfor será reprogramado e todas as aulas serão repostas para que ninguém seja prejudicado.
Parfor
O Parfor é um programa emergencial criado para permitir que professores em exercício na rede pública de educação básica tenham acesso à formação superior exigida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96. Foi lançado em maio de 2009, com a meta de formar cerca de 330 mil professores que exercem a profissão sem formação adequada. O plano é gerido pela Capes, em parceria com as secretarias de educação dos estados e dos municípios e as instituições públicas de ensino superior.
O Acre aderiu ao Programa em 2012 e tem alunos nos municípios de Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Jordão, Santa Rosa, Feijó e Tarauacá.
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