Docente vai tirar mais licença médica e até abandonar a profissão por conta das reformas!


Mais anos na sala de aula e precarização do salário e da carreira podem contribuir para desmotivar ainda mais o magistério.

A docência, em particular na educação básica, é uma atividade muito desgastante e acarreta em muitos educadores inúmeros problemas físicos e psicológicos. 

Após um período na sala de aula, é muito comum no Brasil professores sentirem algum abalo na saúde, seja de ordem física ou psicológica. O problema é mais recorrente entre os que trabalham com a educação básica nas redes pública ou privada nos estados e municípios. 

E não é para menos. Baixos salários, carga horária excessiva, indisciplina dos alunos e condições inadequadas de trabalho formam um coquetel bombástico que leva a estresse, síndrome do pânico, ansiedade, problemas nas cordas vocais, coluna e muitos outros. 

Resultado: licenças médicas e até abandono da profissão, algo que pode se agravar com as reformas em curso no País vindas do governoBolsonaro, conforme veremos após o anúncio.

Previdência e mais tempo na sala de aula

A reforma da Previdência aprovada pelo governo federal em 2019 resultou na prática em aumento de até sete anos de serviço para os professores, principalmente para as mulheres. 

Para quem já está no mercado de trabalho, regras de transição, dependendo do caso, resultam também em acréscimos significativos do tempo de sala de aula. Segundo a professora piauiense Aldenora Moreira, reforma lhe deu de "presente" quatro anos a mais de labuta.

Mais tempo de sala de aula significa possibilidade de mais problemas de saúde, mais licenças e até abandono da profissão.

Segundo pesquisa realizada pela revista Nova Escola em agosto de 2018, 66% dos docentes entrevistados já tiveram que se afastar por problemas de saúde. O resultado disso é que muitos mudam de função dentro das próprias escolas ou simplesmente abandonam o emprego.

O problema é tamanho que matéria do Globo de junho de 2018 diz:"Segundo uma pesquisa feita pelo Movimento Todos Pela Educação, 49% dos docentes não indicariam a carreira para um jovem".
Mais reformas, mais problemas

Não é só a reforma da Previdência, no entanto, que agrava os problemas do magistério. A chamada Pec Emergencial 186/2019, que está para ser votada agora em fevereiro, prevê corte de até 25% nos salários dos servidores da União, estados e municípios. E a Reforma Administrativa, em vias de ser mandada para o Congresso, achata carreiras, salários e põe fim à estabilidade. Certamente isto não é um bom incentivo psicológico para que os professores permaneçam felizes na sala de aula.
Organização

Profissionais do magistério precisam se organizar para tentar pelo menos reduzir os efeitos dessas reformas que, na prática, agravam uma situação que já é ruim. Do contrário, a curto, médio e longo prazos a figura do docente poderá ser rara no Brasil.

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