Milhões de trabalhadores não vão ao trabalho nesta sexta-feira em
protesto contra um governo que, por meio de um golpe
parlamentar/judicial/midiático, retira direitos e conquistas sociais que
vigoram há mais de 70 anos no país
A Greve Geral anunciada para esta sexta-feira (28/04) no Brasil traz em
si um ineditismo revigorante para o momento por qual passa o país. Depois do
golpe político do ano de 2016, que tirou uma presidenta eleita democraticamente
do poder para restaurar no governo central brasileiro um projeto político que
foi sucessivamente derrotado nas urnas por quatro vezes consecutivas em
eleições diretas. A sociedade brasileira, de forma geral, promove um movimento
de greve que traz elementos inéditos na recente história política do país.
Em primeiro lugar, a Greve Geral convocada para esta sexta-feira é
resultado de um chamamento unificado de todas as centrais sindicais de
trabalhadores, inclusive aquelas que, de forma tácita, apoiaram o afastamento
da presidenta Dilma Rousseff em 2016. Há tempos não se via um movimento de
greve no país que, coincidentemente, marcará o aniversário de cem anos da
primeira greve deflagrada no Brasil, ainda no longínquo ano de 1917, que está a
mobilizar tantos setores sociais e pouco habituais ao próprio exercício da
greve.
Os setores mais organizados sindicalmente deram, de fato, o pontapé
inicial desse movimento, que começou a ser organizado a partir de reuniões com
todas as centrais sindicais de trabalhadores: metalúrgicos, bancários,
professores e tantos outros setores sociais da organização sindical de
trabalhadores foram a vanguarda desse movimento que culminará nesse grande dia
de Greve Geral. A novidade, agora, fica por conta do envolvimento de tantos
outros setores que, por não terem histórico de luta social, surpreendem a todos
com uma forte mobilização para o dia 28 de abril.
Setores que historicamente padecem de fraca estrutura sindical e de
mobilização em decorrência mesmo de suas próprias atividades econômicas estão
agora envolvidos na que promete ser a maior Greve Geral dos Trabalhadores
ocorrida no Brasil. Todo essa mobilização social que tomou conta do país se
justifica em grande medida pela impopularidade de um governo que, para além de
ter tomado o poder de assalto, sofre uma rejeição histórica no país: as última
pesquisas apontam que somente 4% da população brasileira aprovam o ilegítimo
governo Temer contra um contingente de 92% da população que veem o país no rumo
errado.
Toda a impopularidade desse governo golpista reforça uma rejeição a ele
que ultrapassa os setores clássicos da esquerda brasileira, chegando agora a
segmentos sociais que sempre foram avessos aos movimentos paredistas. Isso se
dá, sem dúvida, porque o Brasil vive hoje um governo que se notabiliza por, em
muito pouco tempo de poder, destruir de forma acintosa os alicerces das
políticas sociais brasileiras: a Reforma Trabalhista, aprovada no último dia 26
de abril, às vésperas da Greve Geral, destrói conquistas de proteção social do
trabalhador que vigoram no país desde o ano de 1943; a Reforma da Previdência,
um dos principais motes dessa mobilização, pretende jogar a aposentadoria do
povo brasileiro nas mãos do setor privado de seguridade social, beneficiando os
bancos e os grandes fundos de pensão, destruindo a Previdência Pública
brasileira que vigora há mais de 40 anos; a sanha privatista desse governo
golpista entrega, dia após dia, as maiores riquezas nacionais do país, como o
petróleo, favorecendo grandes grupos econômicos mundiais.
E todo esse cenário de destruição de direitos sociais e aniquilamento
das políticas públicas voltadas às parcelas mais pobres da sociedade se conjuga
com um governo tomado por corruptos e lacaios, desnudados cotidianamente por
investigações policiais no país. Todos começam a perceber que, em nome do
combate à corrupção que afastou do poder uma presidenta honesta, o que se tem
vivido no Brasil é o retorno mais radical do neoliberalismo da década de 90,
período em que a corrupção e a impunidade reinavam no país. Isso porque os
mecanismos de combate à corrupção foram fortemente desenvolvidos no Brasil no
último período de 15 anos.
O Brasil, um país de tamanho continental, viverá fortes mobilizações
nesse dia 28 de abril e, certamente, marcará a derrocada desse governo golpista
e usurpador dos direitos do povo e das riquezas do país. Todo apoio ao povo
brasileiro nessa jornada de lutas que se inicia agora e promete parar o país
nesse dia! Como ficou famoso o bordão do ano de 2016, quando do afastamento da
presidenta Dilma Rousseff: golpistas não passarão!!
fonte: CNTE