Falta de docentes especializados em Física e Sociologia no Acre chama atenção, e Ministério da Educação adota medidas para reverter quadro
Anieli Amorim, ContilNet
A escassez de professores qualificados nas escolas públicas do Acre tem se tornado uma preocupação crescente. De acordo com um levantamento do Inep de 2023, o estado está entre os mais afetados pela falta de docentes especializados, principalmente nas disciplinas de Física, Sociologia e outras matérias essenciais.
Esse déficit não é exclusividade do Acre, mas a situação no estado é especialmente grave, com mais da metade das aulas ministradas por professores sem a formação adequada nas áreas em questão.
O estudo, divulgado recentemente pelo jornal O Globo, aponta que o Acre é um dos estados brasileiros com maior porcentagem de aulas conduzidas por professores não especializados.
Segundo o artigo “Carência de professores na educação básica: risco de apagão?”, dos pesquisadores do Inep Alvana Bof, Luiz Caseiro e Fabiano Mundim, mais da metade das aulas no Acre são ministradas por professores sem a formação adequada em 12 das 14 disciplinas analisadas.
A carência de profissionais capacitados é alarmante, especialmente nas áreas de Física e Sociologia, que têm uma grande falta de especialistas. O levantamento revela que, no estado, mais de 50% das aulas dessas disciplinas são ministradas por docentes sem a qualificação necessária.
O estado está entre os mais afetados pela falta de formação especializada, principalmente em áreas como Física e Sociologia/Foto: Reprodução
Esse quadro reflete uma crise de qualificação que afeta escolas públicas em várias regiões do Brasil, mas é mais pronunciado nas regiões Norte e Nordeste, onde estados como Maranhão, Tocantins e Amazonas também enfrentam dificuldades semelhantes. No entanto, o Acre tem se destacado pelo alto índice de aulas em que os professores não possuem a formação específica para lecionar.
Diante dessa realidade, o Ministério da Educação (MEC) já está adotando medidas para tentar resolver a situação. O ministro Camilo Santana anunciou recentemente um pacote de iniciativas para enfrentar a escassez de professores nas regiões mais afetadas, incluindo o Acre.
Uma das principais propostas é a criação de um programa semelhante ao Mais Médicos, mas voltado para a educação. A ideia é oferecer bolsas e incentivos financeiros para atrair docentes qualificados para as áreas de maior déficit.
“Vamos dar uma bolsa adicional nos dois primeiros anos para aqueles que aceitarem se deslocar para regiões com menos profissionais”, afirmou Camilo Santana.
Fonte: Inep
Além disso, o MEC está planejando ações para incentivar a permanência de jovens nos cursos de licenciatura, com foco em áreas como Pedagogia e licenciaturas específicas.
O programa “Pé-de-Meia”, por exemplo, oferecerá bolsas e uma poupança para estudantes que se destaquem no Enem e escolham a carreira docente. O objetivo é aumentar a formação de professores qualificados, especialmente nas regiões que enfrentam maior falta de profissionais.
A carência de professores qualificados no Acre é uma manifestação de um problema mais amplo no Brasil. No levantamento realizado pelo Inep, foi constatado que, mesmo em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, disciplinas como Física e Sociologia também enfrentam déficit de professores especializados. Isso ocorre em um contexto de baixos salários e condições de trabalho pouco atraentes para os docentes.
O Governo Federal, portanto, está buscando soluções para melhorar a formação e atratividade da carreira docente, com o intuito de evitar um apagão de professores em diversas regiões do Brasil. A medida mais imediata será a implementação de incentivos financeiros para profissionais que aceitem trabalhar em estados com grande escassez de professores qualificados, como o Acre.
A expectativa é que, com essas medidas, o Acre consiga reduzir o déficit de docentes nas escolas públicas e garantir uma educação de melhor qualidade para seus estudantes.