Teve início, nesta quinta-feira (20), a reunião do Coletivo dos/as Funcionários/as da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). O evento contou com a participação de 26 sindicatos, que debateram sobre a conjuntura educacional e geral da categoria.
O secretário de Funcionários da Educação da CNTE, José Carlos Bueno do Prado, o Zezinho, comemorou a volta dos encontros presenciais dos coletivos, já que nos últimos anos a pandemia impossibilitou esses momentos, junto com um desgoverno que prejudicou toda a pauta educacional. Agora, os filiados conseguem tratar dos seus interesses políticos. “Foram anos difíceis que agora a gente tem que acelerar para recuperar”, destacou.
Ele lembrou que os trabalhadores da educação elegeram o presidente Lula, mas ainda assim é preciso muita luta pela garantia dos seus direitos. “Em alguns ministérios, principalmente no que mais nos interessa, o MEC, é uma batalha imensa que estamos travando e teremos que continuar”, ressaltou.
Secretário executivo da CNTE, José Valdivino Moraes fez coro com Zezinho ao dizer que é muito importante entender que, por mais que o atual governo seja de esquerda, a sociedade votou em políticos que não têm afinidade com a pauta dos trabalhadores em educação.
Nesse contexto, ele destacou que é necessário retomar a formação dos/as funcionários/as das escolas públicas, seja por meio do Programa Profuncionário, do Ministério da Educação (MEC), ou através de outras políticas públicas. Valdivino defendeu, também, que o piso salarial não seja fixado apenas para o magistério, mas para todos os profissionais da educação. “Assim, unimos a força que temos enquanto funcionários, juntamos com os professores e nós teremos um piso salarial nacional.”
Secretária de Assuntos Educacionais da Confederação, Guelda Andrade seguiu a linha de que é preciso olhar, primeiro, para o cenário político. Mas ela foi além ao destacar que o governo Lula tem uma frente ampla. “Precisamos ter muita cautela e pensar estrategicamente as nossas ações para que a gente consiga dar continuidade aos nossos planos”, disse.
Para Guelda, o processo de formação é fundamental para que todos esses trabalhadores se tornem, de fato, educadores, como está definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB. “Lá está bem designado como eu sou reconhecida como profissional da educação. Se eu não tiver essa formação, eu estou no chão da escola como trabalhadora da educação”, alertou.
A ex-senadora Fátima Cleide, autora do Projeto de Lei que deu origem à LDB, em 2009, contou que só chegou ao parlamento devido à luta da classe trabalhadora. “Tudo isso tornou possível a gente alterar a Constituição Federal, onde mudamos de ‘valorização do magistério’ para ‘valorização dos profissionais’.”
Fátima falou em esperança para a retomada de políticas que não mudem apenas o nome no plano de cargos, mas que realmente reconheçam o profissional que tenha jornada de trabalho estabelecida, formação e salário. “Que a gente possa retomar os espaços que precisamos para fortalecer a nossa luta”, concluiu.
João Alexandrino, presente!
Os funcionários da educação também fizeram um minuto de silêncio em homenagem a João Alexandrino, companheiro de muitas lutas da categoria. Ele faleceu em março deste ano.
Alexandrino foi dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe) e ocupou como coordenador o Departamento de Funcionários da Educação (DEFE) da CNTE. Ele defendia o lema de “funcionário da educação é também educador” enquanto participava da política sindical para romper a invisibilidade dos/as funcionários e funcionárias das escolas brasileiras.