REFLEXÃO! por Thomas de Toledo


Parem de dizer que a professora assassinada era uma batalhadora porque estava trabalhando aos 71 anos. Ela era batalhadora, sim. Mas isso não pode ser romantizado. A verdade é que acima de tudo, ela era uma SUPER EXPLORADA.

Ela já deveria estar aposentada e vivendo com a família. Mas não! Estava lá na escola, trabalhando numa dupla jornada para conquistar uma aposentadoria digna porque a reforma da previdência de Bolsonaro acabou com essa possibilidade. Foi assassinada por um terrorista porque ele viu nela um alvo frágil.
Vejam que situação! A mãe avisou que o filho poderia fazer um atentado, mas ninguém fez nada. Na véspera, ele postou que iria cometer o crime, porém ninguém deu bola. Foi preciso ele chegar às vias de fato para perceberem que poderia ter sido evitado. A cultura das armas e da violência, o discurso nazifascista nos submundos das redes e toda essa situação de precarização da educação está resultando nisso.
Professores trabalhando exaustivamente e ganhando quase nada. Vivendo assédio moral de diretores bolsonaristas e aguentando pais de alunos atacando os conteúdos ministrados em aula porque ofendem sua fé ou sua ideologia de extrema direita. Assim, dar aula no Brasil virou uma profissão de alto risco. Risco de Burnout, risco de surto, risco de depressão e agora até risco de ser assassinado.
Sou professor há duas décadas e tenho a frustração de até hoje ouvir frases do tipo: "você também trabalha ou só dá aula?". A minha frustração é a mesma de todos os colegas. Se reclamamos ninguém ouve. Se protestamos, apanhamos da polícia e somos chamados de vagabundos. Se trabalharmos, corremos risco de morte de um aluno surtado. A educação brasileira está na UTI. Ontem tivemos mais uma vítima.
Não há nada a comemorar. Sem educação não existe país. Não existem profissões. Não existem cidadãos. Ou a sociedade volta a respeitar os professores e profissionais da educação, ou então não haverá futuro. O luto pela professora Elisabeth é o luto pela educação. Apena reflitam!

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