Constituição na escola Ato golpista de terroristas precisa ser trabalhado na escola para se entender a Constituição, defende pesquisadora


Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Os ataques golpistas aos Três Poderes da República, em Brasília, que trouxeram prejuízos milionários ao Brasil, com destruição de obras de artes e peças raras, precisam ser trabalhados dentro das escolas para que “gerações entendam o respeito à Constituição e a garantia dos direitos e dos deveres do cidadão e da cidadã” numa sociedade democrática.
Quem afirma é Maria Gabriela Marinho, professora da Universidade Federal do ABC que pesquisa a atuação das Elites Políticas e Culturais, da Direita e do Autoritarismo no Programa de Ciências Humanas e Sociais (PCHS-UFABC).

No último dia 8 de janeiro, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) depredaram e invadiram o Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto. Em publicações e vídeos nas redes sociais, os bolsonaristas terroristas quebraram com barras de ferro janelas, mesas, cadeiras e perfuraram obras de arte.

“O evento que assistimos no dia 8 de janeiro são, na verdade, a culminância de um processo que foi ganhando cada vez mais nitidez desde o golpe de 2016, até podemos retroceder um pouco mais, e chegar até as chamadas jornadas de junho de 2013, quando esses primeiros sinais estavam postos no nosso ambiente político”, analisa a professora Maria Gabriela.

Para ela, é preciso trabalhar a questão da educação nas escolas, falar sobre cidadania, dos direitos da Constituição e dos limites em que as instituições têm que agir. “Isso é fundamental para que a gente possa construir gerações que entendam exatamente o significado da sua atuação”, defende.

De acordo com a pesquisadora, grupos e movimentos sociais não podem se julgar acima da lei ou portadores de privilégios. “Como uma sociedade muito hierarquizada que somos, grupos e movimentos sociais que se julgam acima da lei, que se julgam portadores de privilégios, e não de direitos, devem ser punidos conforme a lei”.

Ela analisa ainda que esse movimento da extrema direita é um fenômeno que ocorre no mundo todo. “Ação criminosa da direita e, obviamente, não se manifesta somente no Brasil, é parte de um processo maior, que é da direita internacional, e tem a perspectiva desse sufocamento do Estado Democrático”, afirma.

MEC vai abrir apuração contra reitor
O Ministro da Educação (MEC), Camilo Santana, vai abrir investigação contra Janir Alves Soares, reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais, por apoiar os atos golpistas que causaram destruição dos prédios dos três Poderes em Brasília.

Janir foi nomeado pelo ex-ministro Abraham Weintraub em 2019, apesar de ter recebido apenas 8% dos votos, porque sob Bolsonaro, o MEC fez uma política aberta de nomear como reitores pessoas alinhadas ideologicamente ao governo.

Nas redes sociais, o reitor acumula mensagens questionando os resultados das urnas que elegeram o presidente Lula e parabenizou, em vídeo, os terroristas que ocuparam os prédios em Brasília.

A professora completa ainda dizendo que a destruição de obras de artes é a destruição da inteligência humana. “Destruir a arte, o patrimônio histórico e as peças raras têm um significado simbólico muito poderoso, significa destruir a inteligência, significa destruir a possibilidade do contraditório, a possibilidade do debate e a própria política. A arte representa exatamente a superação, do ponto de vista da inteligência humana, dessa caracterização da barbárie”, continua.

Em nota, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e suas entidades filiadas repudiaram o vandalismo e os atos terroristas que ocorreram em Brasília.

Para a professora Maria Gabriela, “fortalecer a democracia brasileira é fortalecer o debate, a consciência, criar mecanismo para que cada vez mais parcela da população possa ser incorporada a esse debate político, que visa garantir a pluralidade e o avanço das pautas que incomodam essa direita extremada”.

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