EXCLUSÃO Alta proporção de jovens brasileiros que não estudam e nem trabalham é um dado preocupante, diz diretora da CNTE

Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgados nesta segunda-feira (3), apontam que quase 36% dos jovens no Brasil não estudam e nem trabalham. Segundo o levantamento, o Brasil é o segundo país com a maior proporção de jovens, conhecidos como nem-nem. São 35,9% de pessoas com idade entre 18 e 24 anos de idade que não conseguem emprego e nem continuar os estudos. É o dobro da média dos países membros da OCDE da qual o Brasil não faz parte. O país só fica atrás da África do Sul, com 46,2%.

Para a secretária de assuntos educacionais da CNTE, Guelda Andrade, os números são muito preocupantes e o afastamento dessa juventude da amplia a “vala da desigualdade social”. “É uma questão muito forte e preocupante, considerando que a educação é uma forma de ascensão social. A gente precisa ter uma ampliação da assistência estudantil no ensino médio para garantir que esses estudantes concluam o ensino e façam essa travessia para a educação superior”, afirma a dirigente.

Guelda Andrade explica que é essencial que o país tenha políticas para prevenir que os jovens se tornem parte desse grupo ou que busquem ajudá-los a encontrar um emprego ou voltem a estudar. “É uma questão muito forte e preocupante porque esse governo não garantiu a execução da meta do Plano Nacional de Educação. Isso reduziu drasticamente a inclusão e a assistência estudantil”, diz Guelda, que salienta ainda que esses dados deveriam ser uma grande preocupação para os governos, já que alertam para uma situação negativa de desemprego e desigualdades sociais.

Em agosto deste ano, um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostrou que o Brasil tinha 23% da população de 15 a 24 anos sem trabalhar e estudar. A média mundial do desemprego entre jovens é de 16,9%.

Segundo o estudo que analisou a situação do ensino superior e emprego dos 38 países da OCDE, em todos os países analisados, Argentina, China, Índia, Indonésia, Arábia Saudita e África do Sul, as oportunidades de emprego e melhores salários estão associadas à conclusão do ensino superior. "Esse grupo, dos que não trabalham e não estudam, deveria ser uma grande preocupação para os governos, já que alertam para uma situação negativa de desemprego e desigualdades sociais", analisa o relatório.

Nas universidades

O documento destaca ainda que, no Brasil, só 33% daqueles que acessam o ensino superior conseguem terminar a graduação dentro do tempo previsto. Quase metade (49%) só concluiu o curso depois de três anos do prazo programado. O restante, segundo o estudo, desiste da graduação ou termina em um tempo ainda maior.

Guelda lembra que muitos desses jovens também abandonaram as universidades devido aos cortes dos programas sociais criados pelos governos do PT para ajudar suas famílias dentro de casa. “É importante lembrar que nessa fase quando conseguem concluir o ensino médio muitos precisam fazer escolhas. Ou eles estudam ou trabalham para garantir a comida de cada dia dentro das suas famílias”.

Na avaliação de Guelda faltam políticas públicas para que os jovens sejam inseridos no mercado de trabalho e que recebam uma educação pública de qualidade.
“Temos que expandir as universidades para que todo mundo chegue nela. Só a educação vai garantir esse desenvolvimento econômico”, finaliza.

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