Governo deve gastar mais com Defesa do que com Educação em 2021; especialistas reagem
















Proposta de orçamento está em elaboração e precisa ser enviada ao Congresso, que pode fazer alterações. Ministério da Economia diz que ainda não é possível informar valores finais.

Governo prevê reservar R$ 5,8 bi a mais para despesas com militares do que com educação

O orçamento para 2021 ainda não foi enviado ao Congresso, mas o governo deve gastar mais com despesas militares do que com a educação. E essa possibilidade provocou a reação de especialistas.

A proposta para o ano que vem tem de ser enviada até o fim de agosto ao Congresso. O texto terá a previsão de orçamento para cada ministério.

O jornal "O Estado de S.Paulo" teve acesso ao texto, aos valores que estão sendo discutidos no Ministério da Economia. E diz que "o governo de Jair Bolsonaro prevê reservar R$ 5,8 bilhões a mais no Orçamento do ano que vem para despesas com militares do que com a educação no país".

O Ministério da Economia afirmou que as solicitações de expansão de limites demandadas pelos órgãos serão analisadas e submetidas à decisão da Junta de Execução Orçamentária. Portanto, conforme a pasta, ainda não é possível informar os valores limites finais das despesas dos órgãos que constarão do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2021.

De acordo com a reportagem, "a Defesa terá um acréscimo de 48,8% em relação ao orçamento deste ano, passando de R$ 73 bilhões para R$ 108,56 bilhões em 2021. Enquanto isso, a verba do Ministério da Educação (MEC) deve cair de R$ 103,1 bilhões para R$ 102,9 bilhões. Os valores, não corrigidos pela inflação, consideram todos os gastos das duas pastas, desde o pagamento de salários, compra de equipamentos e projetos em andamento, o que inclui, no caso dos militares, a construção de submarinos nucleares e compra de aeronaves."

O orçamento aprovado para este ano do Ministério da Defesa foi de R$ 73 bilhões. Mas recebeu R$ 41 bilhões de aportes, que elevaram o orçamento da pasta para R$ 114 bilhões. Já o Ministério da Educação teve R$ 103,1 bilhões aprovados para 2020.

Segundo o Ministério da Economia, a Educação fechará o ano com R$ 120 bilhões para despesas. Ou seja, incremento de R$ 17 bilhões.

A equipe econômica está recebendo os pedidos dos ministérios para 2021, mas os números ainda não estão fechados, não estão definidos. E quando a proposta do orçamento chegar ao Congresso, será discutida, e os valores também podem ser alterados.

O que já está no Congresso é a proposta que torna o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) permanente. O fundo é a principal fonte de recursos para a educação básica e depende de votação do Senado.

Pelo texto aprovado na Câmara, a União fará um aporte maior no ano que vem, de 12% sobre o valor do fundo. Até agora, o governo federal completava com 10%.

O vice-presidente Hamilton Mourão citou esse aumento no percentual do Fundeb quando questionado sobre o orçamento do MEC.

"Tudo depende, né. Porque a educação, ali você ainda tem o Fundeb, que não entra nisso aí. Então, acho que está havendo, não é uma análise qualitativa do fato. Está havendo mais a divulgação da notícia sem analisar como ela está", afirmou.

Mas o valor do Fundeb é formado por recursos de estados e municípios, dinheiro que vem de impostos e depende, portanto, da arrecadação.

Repercussão

Especialistas em educação estão preocupados. Chama a atenção deles que o governo faça uma proposta com mais dinheiro para a área da Defesa do que para Educação.

"Com a pandemia que a gente está vivendo agora, que afeta brutalmente a educação básica do país, precisa ter mais investimentos para essa recuperação da educação e que tem muito a ver com a recuperação do país. [...] Esse é o momento em que o governo mais precisa socorrer, ajudar, apoiar estados e municípios para que a gente não tenha efeitos tão profundos na educação. Não tem como o Brasil se recuperar se não priorizar a educação", afirmou Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação.

"O governo federal deve ser muito rigoroso para poder garantir um orçamento que enfrente as consequências da pandemia. O aumento da crise o aumento da desigualdade, que solicitam um investimento focado em enfrentar os dramas e as demandas da crise instalada pela pandemia", acrescentou Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco.

G1.

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