SINTEAC CRITICA IMPOSIÇÃO DA EDUCAÇÃO REMOTA


A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac), professora Rosana Nascimento, lamentou a decisão do governo de aproveitar a pandemia do coronavírus para apostar no novo modelo da Educação à Distância (EaD), pois apenas 43,2% da população acreana não tem acesso à internet, conforme Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua), divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Declarou que o telefone celular é o único acesso a Internet, mas a maioria dos pais do alunos matriculados na rede pública não têm dinheiro para colocar crédito das operadoras de telefonia, o microcomputador chega apenas 27,2% dos lares, com acesso à internet, poucos utilizavam banda larga.

A sindicalista reconhece os esforços do governo do Estado em atender a população no tratamento do coronavírus, inclusive da Secretaria Estadual de Educação (SEE) para que os alunos matriculados na rede pública não fiquem sem aula, mas a preocupação é que a modalidade do ensino remoto não possa ser considerado como ano letivo em virtude de não ser proveitoso e o índice de aprendizado ser baixíssimo, “sem contar que muitos alunos mão têm conseguido acompanhar pelos já diversos argumento citados. Precisamos nos preparar para estas situações que ainda poderão vir. Seja para Educação, seja para a saúde”, declarou.

A professora Rosana fez questão de citar um documento encaminhado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) para demonstrar como anda a situação da educação básica com a adoção da EaD em tempo de epidemia do coronavírus. O documento, segundo ela, apontou que em 70% das escolas estão realizando aulas virtuais, enquanto 30% não, por falta de acesso a internet. Este levantamento da entidade revelou que o modelo de educação não presencial foi regulamentado em 33% pelas Secretarias Estaduais de Educação, mesmo com a discordância do movimento sindical, em 37% pelos Conselhos Estaduais de Educação (CEE) e 30% por Decreto. “Lamentavelmente a imposição das aulas remotas nas escolas da rede pública, não se deu a partir das negociações com a comunidade escolar nem tampouco com o nosso sindicato, que se quer, foi consultado, denunciou a presidente do Sinteac.

Amparo legal

A professora Rosana explicou que a educação remota na rede pública não tem amparo legal de regulamentação normativa no quesito de aproveitamento dessa modalidade de ensino na contabilização dias letivos do calendário escolar. Em decorrência da quarentena nas escolas em tempo integral e do ensino regular os gestores tiveram de rever o calendário de 1.200 horas/aulas, enquanto as demais escolas regulares não tem tempo suficiente para atender às 200 horas aulas por cada disciplina estipulada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). “ O que estamos sabendo que o documento orientador das aulas remotas, conforme o parecer 005/2020, a carga horária de cada componente curricular, seria de 13% de redução do total distribuídos em aulas presenciais e EAD (equivalendo a cerca de 20%)”, observou.

Desabafo dos professores

A sindicalista revelou que alguns professores chegaram a procurá-la para reclamar das dificuldades que muitos alunos têm para ter acesso ao sistema on-line, mas apontam como principal empecilho a falta de tablets, computadores domésticos e laptops para baixar as tarefas escolares, a única opção é o celular dos pais. Apesar de escolas terem optado por vídeos curtos e padronizados, enquanto outros apostaram em outras ferramentas digitais de acesso às redes sociais (WhatsApp e Instagram). Muitas famílias assustadas com a pandemia retornaram para a zona rural, os filhos matriculados na rede pública não estão tendo acesso às atividades diárias, só quando os pais retornarem à cidade para acessar o material disponibilizado nos grupos de WhatsApp das escolas. Acrescentou ainda que os alunos que têm acesso à internet, os professores utilizam o google classromm para encaminhar os textos de leituras e as atividades. “Por enquanto, a Educação à Distância não tem gerado o resultado esperado, pois não temos alcançado todos os alunos lamentavelmente”, finalizou a presidente do Sinteac.

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