Vaias e discursos críticos marcam abertura oficial da 2ª Conferência da Saúde das Mulheres


Luciana Waclawovsky/CUTMulheres formam o símbolo do SUS antes da abertura oficial da 2ª CNSM.

Ministro da Saúde foi recebido de costas pelas participantes, que deixaram a plenária quando ele começou a falar

As participantes da 2ª Conferência Nacional da Saúde das Mulheres mostraram, na noite desta quinta-feira (17), que os desmontes do Sistema Único de Saúde serão denunciados ao longo do encontro, que acontece em Brasília de 17 a 20 de agosto. Aos gritos de “golpista” e “Ricardo sai da mesa”, o atual ministro da Saúde Ricardo Barros (PP-PR) foi escorraçado pelas mais de mil mulheres que estavam presentes na plenária por ocasião da abertura oficial da atividade.

Enquanto apresentava o Power Point com imagens da primeira dama para ilustrar sua gestão, Barros teve a voz abafada com palavras de ordem críticas ao desmonte da saúde pública e à crise que o país se encontra, aprofundada pelas reformas promovidas pelo governo ao qual o titular da pasta representa. Ao não se constranger com as manifestações contrárias e prosseguir o discurso, as mulheres abandonaram a plenária e deixaram o empresário falando sozinho. Todas retornaram aos gritos de "Pisa ligeiro, Pisa ligeiro", em fileira, assim que Barros deixou a mesa de abertura.

Com o tema Saúde das Mulheres: desafios para a integralidade com equidade, as falas que antecederam o representante do governo ilegítimo reafirmaram que a luta de décadas para consolidar uma política de saúde estarão presentes ao longo de toda a conferência. Para o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Ronald Ferreira, essa agenda trará muita energia para iluminar os momentos obscuros que a nação vive nos dias de hoje. “Não é à toa que democracia é um substantivo feminino e, portanto, trará esperança para todos nós”, disse.

Para a secretária nacional da Saúde do Trabalhador da CUT, Madalena Margarida, essa conferência tem um caráter diferenciado das outras: é a segunda que acontece após três décadas de resistência e lutas. “Nesse momento, a nossa expectativa é de resistência em defesa do SUS e da saúde das mulheres porque num momento de crise como esse a gente sabe que os impactos serão primeiramente sentidos nessa área”, avaliou.

A dirigente explicou que a 2ª Conferência Nacional da Saúde das Mulheres foi precedida de encontros municipais e estaduais desde o início de 2016, portanto ao longo do processo do golpe de Estado. Madalena esclareceu, ainda, que a CUT está fazendo o debate sobre os cortes do SUS desde o início deste processo. “Não participamos desta conferência de forma passiva ou compactuando com o governo. Aproveitamos esse momento para denunciar o desmonte do SUS e consequentemente todas as políticas de equidade como a PEC do teto, que é uma derrota da classe trabalhadora e dos usuários do Sistema Único de Saúde”.

Abertura paralela

Duas horas antes da abertura oficial, que já contava com a confirmação da presença do ministro da Saúde, a CUT em conjunto com outras centrais e movimentos sociais realizou manifestação na Esplanada dos Ministérios para protestar contra a participação de Barros na agenda e criticar o uso político da pasta que o ministro vem fazendo enquanto gestor.

De mãos dadas representando união e solidariedade, as mulheres desenharam o símbolo do SUS, mostrando que não será fácil passar por cima de anos de luta e resistência.

Durante a Conferência, que ocorre 31 anos após a primeira edição, serão discutidas propostas elaboradas nas etapas municipais, estaduais e livres. A programação vai até domingo (20) às 18h, quando será realizada a plenária final

Fonte: CUT

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem